O Saber do Amor

Fico pensando que uma das experiências mais profundas do homem é o amor. Sem dúvida sua colocação é primária nas intenções da vida. A experiência doida de sair do eu, calmo e tranqüilo e se lançar no incerto e misterioso outro compõe essa visceral condição que é quase que uma sina na qual estamos todos sob risco eminente. A grande maioria das pessoas foge e se distrai desse risco como quem luta em prol da própria vida. E com certeza se lançar no amor envolve sinais vitais. Envolve o bombear do sangue pelas veias do corpo e o adentrar do ar nos espaços do pulmão. Talvez todo esse peso gere em nós calafrios. É um novo mundo inóspito e desconhecido que escapa a segurança do “eu” e se lança nas incertezas do “outro”.
Amor é uma mobilização do ser que desestabiliza as entranhas. Mas poucos se arriscam por seus caminhos. Poucos se deixam levar. Na verdade, o mais seguro a fazer é fugir ou se entregar ao medo que é arrebatadoramente paralizante. E esses que preferem o medo ao amor jamais saberão aquilo que disse o autor bíblico que o “amor lança fora o medo, o perfeito amor lança fora todo o medo.” A despeito de qualquer inércia poucos vão descobrir a magia e os encantos do amar porque não aprenderam a se entregar. Se dar sem reservas, sem regras de auto-defesa e sem manhas de auto-proteção e correr o risco de tomar a consciência que Gabriel Garcia Marques tomou, ao se enveredar nas letras e no amor ele afirmou: “tomei consciência de que a força invencível que impulsionou o mundo não foram os amores felizes e sim os contrariados.” Daqui para frente não tem como caminhar sem frio no coração e sem arrepios pela alma.
As viscerais questões do amor me levam a pensar se a grande tragédia é viver por ele, por amor, ainda que isso represente risco e dor ou seria enfim viver sem conhece-lô sem se entregar para não sofrer, vivendo sempre a maresia leve do apenas “eu”. Creio que aqueles que tiverem medo de sofrer nunca vão amar. Porque essas duas dimensões são co-existentes de um mesmo espaço. Amar e sofrer.


Coracy Coelho
22 de janeiro de 2006
Em algum lugar no espaço

Comentários

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