Do sangue dos mártires aos sanguessugas

Por Robinson Cavalcanti

A imprensa nacional tem dado grande espaço à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que trata de superfaturamento de ambulâncias para os municípios, também conhecida como 'a CPI dos Sanguessugas'. As CPI’s sempre funcionam como palanque de promoção pessoal para alguns parlamentares (alguns de currículo não-invejáveis), que se apresentam como paladinos da moralidade. O destaque da imprensa foi para a suposta participação de 30% de integrantes da chamada 'Bancada Evangélica', e de um líder da 'Renovação Carismática Católica'. A religião professada pelos demais acusados não foi explicitada. Nas CPI’s, como se sabe, os julgamentos são políticos e não jurídicos, identificando-se acusados com condenados, em uma inversão do princípio do Direito da presunção da inocência do acusado até condenação transitada em julgado. A censura política de todos nós deve ser feita pelo expressar veemente por palavras e votos. A dimensão penal cabe ao Estado, pela via do Poder Judiciário.

A presença de evangélicos em episódios antiéticos nos entristece sempre, mas não nos surpreende. Temos alertado para isso por muitos anos. Fizemos, então, a distinção entre 'evangélicos políticos' (cidadãos evangélicos eleitos por seus programas e méritos para o bem-comum de toda a sociedade) de 'políticos evangélicos' (cidadãos evangélicos eleitos pelo voto controlado das igrejas, com ânimo meramente corporativista de trazer benesses do Estado para as mesmas). No final dos trabalhos da Constituinte, em 1988, órgãos da imprensa, como o Jornal do Brasil e o Correio Brasiliense, chamavam a atenção para o dado de que dos 34 parlamentares evangélicos de então apenas 06 não tinham sobre si a suspeita de comportamento antiético. O voto dos 'currais eleitorais' em 'candidatos oficiais', com deficiente conhecimento histórico, teológico e ético dos princípios cristãos para a ação política, carentes de experiência na vida pública e jejunos de conteúdo ideológico ou programático, com uma motivação meramente corporativista, tem resultado em uma prática clientelista, ferindo a ética, a busca pelo bem-comum e os valores do Reino de Deus. Em alguns casos, pode-se adicionar um quê de triunfalismo teocrático.


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Comentários

Anônimo disse…
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Anônimo disse…
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