A Crise É de Não Acreditar

Vivemos um tempo de muita descrença. As pessoas não acreditam mais na possibilidade de mudança, não acreditam em organizações, não acreditam no Estado, nos Partidos Políticos, na Academia e muito menos nas relações de proximidade. Até mesmo a relação familiar está abalada. Essa crise me incomoda porque nos faz incrédulos e passivos em relação as situações da vida. Gosto sempre de ouvir velhinhos entusiasmados com a vida e perceber a forma como acreditam nas pessoas e nas possibilidades. Digo isso porque creio piamente na comunidade da fé que se reúne em volta da mesa que lembra o sangue e o corpo do Cordeiro entregue em voluntariedade para favorecer quem não merecia. Acredito nas pessoas, uma vez que são importantes ao ponto de o único homem perfeito que pisou nessa terra se entregar por elas. E creio piamente nos laços de amizade, companheirismo e afeto que regem na essência as relações humanas.

De forma especial quero reforçar que acredito sim na Igreja. Creio nessa comunidade da fé que vive em função de anunciar o Filho de um carpinteiro que paradoxalmente é o mais importante dos “nascidos de mulher”. Creio nas relações de afeto e que as pequenas comunidades podem permear os espaços desse universo com valores de igualdade, amor, respeito, cumplicidade, verdade e afeto. Creio no Evangelho, no seu poder de mudar o mundo e principalmente no seu poder devastador de mudar corações. Isso porque entendo que para mudar o mundo precisamos mudar o homem. Fico pensando que são muitos os críticos da Igreja instituição e eles tem razão. Agora o que eu não aceito é que essa imagem maculada e sem vergonha das “organizações eclesiásticas” sobrepujem o plano de Deus de deixar na terra uma comunidade da fé que dará continuidade as ações de Jesus e continuará a estabelecer sobre a terra o Reino de transformação e esperança que ninguém jamais imaginou viável nessas terras de caos.

Confesso que também tenho raiva, frustração, crises, decepções e medo em relação a essa junção de pessoas diferentes que escondem suas idiossincrasias numa capa de credulidade religiosa. Fato é que com o tempo tenho percebido que muito dessa minha revolta nasce da minha própria natureza. Não acredito mais em ninguém e por outro lado me entrego piamente ao meu ego e a minha medíocre concepção de vida, vivendo com se o mundo se limitasse ao mero espaço do meu umbigo. É incrível como sou implacável com o outro e complacente comigo mesmo. Não questiono minha parcialidade, minha fragilidade e minhas inconstâncias, mas não suporto isso nos outros. Talvez isso aqui se pareça com a tese de alguns de que na Inquisição o santo clero católico queimava no outro a sujeira que lhe era intrínseca. Isso se propaga com muita força, afinal é cômodo limpar a sujeira do nosso coração passando removedor acido na vida dos outros. Então antes de apontar milhares de dedos e fazer milhares de acusações para fora, precisamos olhar para dentro. Inclusive se a evolução existe somos seu pior estágio. Quanto crescimento tecnológico, agrícola, econômico e quanto distanciamento, quanta desigualdade, egoísmo e incredulidade. Os pais não entendem nem conhecem seus filhos. Os amigos não se encontram e a vida não acontece como deveria porque nossa principal essência está desacreditada na sarjeta da incredulidade.

Comentários

André Martins disse…
Eu acredito em alguém que unicamente se importa com os meros mortais como nós. Acreditar nele é ter fé, porque é "impossível" provar sua exisência. Pena as pessoas só darem seu devido valor nos fins de ano e etc. Mas mesmo assim, no meio desse aglomerado de incrédulos eu ainda tenho fé no bom velhinho. Valeu Papai Noel!
hahahahahahahahaha
Brincadeiras a parte, só Jesus com muito Guaraná pra mudar alguma coisa.
Anônimo disse…
é, cora... realmente, a crise é não acreditar...
mto bom!
bjokas!

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